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O ecologismo radical e a nova esquerda

Updated: Nov 12, 2020

Ninguém em sã consciência pode negar a importância da preservação e do cuidado com o ambiente natural e com o mundo animal. A ruptura total entre o homem e natureza e a perda da visão simbólica da realidade cósmica explica muitos dos problemas e contradições do nosso tempo. Na tradição cristã a realidade natural sempre fora percebida como um símbolo da realidade sobrenatural, sendo o mundo visível uma expressão do mundo invisível. No mundo natural revelam-se uma série de vestígios, sinais e marcas do poder e sabedoria de Deus. Lembremo-nos, neste sentido, do amor e do zelo pelos elementos da natureza e pelos animais por parte do grande São Francisco de Assis e seu belíssimo Cântico das criaturas (Laudes Creaturarum), conhecido também como Cântico do Irmão Sol. Para o fundador da ordem franciscana, as forças e potências da natureza como o sol, a lua, o fogo, a àgua e o vento são expressões de atributos e qualidades divinas. Em contraste com esta perspectiva, a modernidade racionalista e cientificista dessacraliza por completo o mundo natural, transformando-o em um simples mecanismo material desprovido de sentido e valor. A natureza é vista como um objeto externo, um conjunto complexo de fenômenos físicos e químicos, que necessita ser destrinchado, dominado e modificado.


Em que pese estas observações introdutórias, na atualidade presenciamos a emergência e o fortalecimento de um discurso político que sob o pretexto de defender a natureza, procura sutilmente alterar o lugar do homem na realidade, operando uma transmutação das mentalidades e do imaginário coletivo. Trata-se, evidentemente, de uma sofisticada estratégia de engenharia social levada a cabo por poderes transnacionais e certas forças políticas ditas “progressistas”, que ambicionam criar uma espécie de religião ambientalista que transmuta a natureza em um novo ídolo que merece, portanto, ser venerado e adorado de diversas formas. Junto com isto ganham força às ideias malthusianas de controle populacional e redução da natalidade como meios para conter a crise ambiental. Ao invés de um respeito pela natureza, tomada em sua dimensão espiritual de ordem criada por Deus, parece existir uma politização da mesma. O ecologismo torna-se uma ideologia, um cavalo de batalha e um projeto de poder alimentando por forças mundialistas; quando não se esgota em um simples modismo que serve como uma válvula de escape para o vazio existencial que permeia as sociedades pós-modernas.

É importante ressaltar que a nova esquerda pós-moderna ao levantar a bandeira do ecologismo radical, do antiespecismo, do animalismo e do veganismo, acaba por divinizar a natureza, ao mesmo tempo que, paradoxalmente, nega a ideia da existência de uma natureza humana imutável em sua essência. Além disso, sacraliza o meio ambiente e a “natureza”, mas rejeita categoricamente a família natural, a diferença biológica entre os sexos, a lei moral natural e o direito natural.


Esta natureza exaltada pela esquerda ambientalista não é uma realidade concreta, mas uma pura abstração ideológica, um constructo, uma projeção mental que, em última instância, visa desconstruir o posto privilegiado e singular do homem no cosmos e, assim, anular a concepção tradicional que baseia-se na centralidade do ser humano na realidade terrena e na sua especificidade e distinção em relação aos demais elementos da natureza e seres vivos. A realidade do homem como um ser único e distinto criado à imagem e semelhança de Deus é, deste modo, atacada e golpeada por estas correntes de pensamento que, ainda, procuram neutralizar a percepção do mundo como uma realidade fundada, sustentada e permeada por uma ordem sobrenatural.


Este novo naturalismo primitivista com rasgos pseudomísticos e sentimentalistas, centrado no culto à Mãe Terra (Gaia-Gea) e na evocação paganizante de supostas forças telúricas, representa um ataque frontal à antropologia clássica e cristã.


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